Por definição, o movimento Underground representou, nos anos 60, e ainda representa um movimento de resistência, vanguarda cultural, contracultura. A palavra vanguarda vem do francês e era usada nos batalhões de infantaria das guerras. Com o tempo, passou a denominar tudo o que estava na frente, na moda, era notável. Assim, os beatniks, hipsters, hippies, rockerse outros se colocavam dentro da realidade sessentista como representantes de uma cultura alternativa em que o SER homem não se limitava às regras sociais impostas.
Tal movimento começou oficialmente através das poesias beats (anos 40) e seguiu se modificando – mas nunca perdendo a base revolucionária – chegando até a década de 1970 com o surgimento do punk. Essas manifestações eram muito mais do que música ou modo de se vestir, eram encaradas como ideologias, através das quais era possível fugir das linhascontroladoras do capitalismo ou do sofrimento causado por ele. Eram, principalmente, jovens que dentro de seus respectivos grupos revolucionários buscavam mudar a mentalidade social e, a partir disso, transformar a estrutura da sociedade; seria uma mudança de comportamento, mentalidade e atitudes.
Atualmente, o termo é usado para definir tudo aquilo que é restrito à cultura alternativa, se opondo ao “mainstream” (cultura de massa). São artistas que procuram produções baratas, alternativas e livres de qualquer impedimento imposto pelos grandes estúdios, produtores, editoras e grandes galerias de arte. Para algumas pessoas, como a fotógrafa Patrícia Cecatti, “esse ‘ar de revolução’ se dissipou e movimentos como o punk e o hippie desapareceram, restando apenas, roupas, atitude e influências musicais”. Como diria John Lennon: “The dream is over”! (O sonho acabou!)
Para alguns, a realidade é outra. Para Debbie, primeira mulher a ter um selo independente em toda a América Latina e dona da Ordinary Recordings, o punk não acabou e a filosofia Do it yourself ainda continua. “O punk hoje tem mais uma coisa de camisetas em branco, vegetarianismo, no religion. Vender seus discos sem usar a mídia de forma corrosiva, trabalhar com ética, se recusar a fazer parte do esquema, essa é a verdadeira rebeldia”.
Com a ascensão da Internet, as possibilidades de se popularizar um movimento ficaram maiores e, assim, as pessoas que hoje ainda tem um pouco dessas décadas de mudança podem reciclar estes movimentos sem perder alguns ideais. No entanto, é fato que não há mais aquela efervescência jovial.
Aqui no Brasil, o cenário underground é representado pela imprensa alternativa, por gêneros musicais como o punk e pelo cinema alternativo. No que diz respeito à música, surgiu no Nordeste, na década de 1970, um movimento baseado nas experiências revolucionárias dos anos anteriores. O chamado “Movimento Udigrudi” fazia uma analogia ao cenário underground que explodia mundo afora. Zé Ramalho e Alceu Valença são figuras famosas deste cenário.
Muitos nomearem o “Udigrudi” como beat-psicodelia recifense que recebia influência do Tropicalismo, Jovem Guarda, Regionalismo e “Beatlemania”. Tal ideologia levou consigo não só a música, mas também a literatura e até mesmo o artesanato. Vários foram os álbuns lançados que mostravam inovação musical – como a experiência de Zé Ramalho e Lula Côrtes no álbum duplo Paêbirú, em que são colocadas experiências psicodélicas ao estilo Jimmy Hendrix, que nem Os Mutantes chegaram a tanto. É lamentável que no Brasil isso seja pouco conhecido, mas estrangeiros pagam uma alta quantia por LP’s originais.
O movimento, que na sua significação comum indica algo subterrâneo, já não é mais assim. Os que antes encaravam o Underground como algo acessível pela minoria e pouco conhecido do grande público precisam mudar seus conceitos, porque felizmente – ou infelizmente, segundo muitos – a acessibilidade cresceu por meio da Internet e, o que antes eram gritos isolados, começa a tomar forma e força no âmbito geral.
Arrasou! Adorei o post :)
ResponderExcluir